Quando somos adolescentes, não vemos a hora de sermos jovens. Quando nos tornamos jovens, ficamos desesperados para nos tornar adultos para então conseguirmos a tão sonhada independência. Sonhamos em poder fazer tudo que quisermos e não ter de dar satisfação para ninguém.
Um dia, e acontece com a maioria das pessoas, chegamos em um momento de nossas vidas em que passamos a pensar em casar e ter filhos, apesar de que muitos hoje em dia já geram filhos sem se casar, o que é muito triste por saber que se tornou uma realidade em nosso tempos.
Eu tenho uma filha, já com seus 20 anos, mas de vez em quando me pego lembrando do tempo em que ela era pequena e , como a maioria dos homens, noviço no casamento, não tinha a habilidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo, especialmente quando as diversas “tarefas” do dia após o trabalho eram, na verdade, controlar aquele robozinho humanóide de alta energia e mobilidade que corria de um lado para o outro da casa. Parece até qu eles já nascem com pilhas Duracell.
Eu, como a maioria dos homens e algumas mulheres, não conseguia dar conta dela sozinho por muito tempo. É por isso que, como na maioria das famílias, minha atividade principal era me assegurar de que minha filha aproveitasse sua infância, enquanto a atividade principal de minha esposa era se assegurar de que ela sobrevivesse à tudo isso.
Em alguns momentos de nossa vida conjugal, houve momentos em que minha esposa ficara doente ou indisposta por razões variadas impossibilitando-a de conseguir cuidar da casa e de nossa filha ao mesmo tempo, o que sempre fez de modo excelente enquanto eu era ótimo em evitá-las. Isso significou que eu teria que fazer, de maneira cuidadosa, estranha e amadora, algumas coisas que não tinha o hábito de fazer. Coisas como lavar roupas, lavar louças e limpar sujeiras e excreções corporais que as crianças produzem aleatoriamente.
Algumas vezes ia eu no supermercado, buscando comprar o que fosse necessário, mas não sofrendo demais por ter tido o cuidado de sempre fazer as compras na minha casa quando era solteiro e meus pais envelheceram. Mas que fique claro, eu fui muito além da minha zona de conforto. E me vi ficando à vontade com coisas que, anteriormente, faria qualquer coisa para evitar.
Por vezes tive ajuda de parentes que vinham de longe para nos ajudar, principalmente no início após o seu nascimento. A parte que mais tenho a triste lembrança era quando ela trocava o dia pela noite e chorava, e chorava, e chorava... Quantas noites minha esposa não passou em pé, de lá para cá, de cá para lá, com aquela criança no colo até que ela dormisse, nem que fosse por cinco minutos na noite. Quantas noites e dias não passamos vendo-a chorar por conta de cólica , gases, febre ou simplesmente com medo que pudesse sufocar... Com certeza foram momentos de desespero, de angústia, mas também foram momentos de crescimento, de aproximação, de cuidado...
Talvez aconteça que alguém que venha a ler este artigo, por algum motivo, não se impressione com o que estou dizendo, mas peço que não me julguem. Todos nós temos nossas fraquezas; alguns são mais fortes e corajosos e outros, digamos, são menos fortes e menos corajosos.
O ponto que quero ressaltar é o seguinte: naturalmente evitamos situações desconfortáveis, desconhecidas ou incômodas. Mas o fato de algo não ser fácil para nós, não significa que devamos evitá-lo.
Tenho notado que quando avaliamos a alma de uma pessoa, muitas ficam desconfortáveis, se sentindo incomodadas e ansiosas, principalmente quando se deparam com uma introspecção autêntica, ou seja, quando observamos os conteúdos de nossos próprios estados mentais, tomando consciência deles. Dentre os possíveis conteúdos mentais passíveis de introspecção, destacam-se as crenças, as imagens mentais, memórias, as intenções, as emoções e o conteúdo do pensamento em geral.
Até mesmo o ato se abrir consigo mesmo perante um espelho no banheiro ou com outras pessoas sobre o que está fora de lugar dentro de nós pode nos parecer aterrorizante. Então evitamos uma busca profunda à qualquer custo, assim como eu fazia com as tarefas de casa.
E você? Quando foi a última vez que você deu uma olhada no estado da sua alma? Quão confortável você fica quando alguém vem até você com perguntas profundas e reveladoras sobre seu eu interior?
Nosso Deus quer nos dar paz, estabilidade, alegria e esperança muito além do que podemos imaginar (Efésios 3:20). Para que isso aconteça, temos que ficar confortáveis com perguntas incômodas. Perguntas sobre nossos sentimentos, pensamentos, medos, nossos motivos e necessidades. Perguntas que são difíceis de responder não só por serem difíceis de descrever, mas porque as respostas são constrangedoras. Perguntas que revelam o que está nos machucando e nos impedindo, mesmo que precisemos de muita coragem para lidar com o que descobrirmos.
Na sua 3ª carta, no capítulo 01, no versículo 02, o apóstolo João escreveu para um de seus amigos mais próximos, um presbítero chamado Gaio, as seguintes palavras: “Amado, oro para que você tenha boa saúde e tudo corra bem, assim como vai bem a sua alma”. Creio que João, através destas palavras, estivesse expressando o desejo de Deus para cada um de nós, o qual percebemos pela Sua Palavra, que se trata do desejo de Deus para que nossas almas estejam felizes, saudáveis e completas.
Deus não se compromete apenas com a nossa felicidade, que é nitidamente efêmera ou passageira e subjetiva, ou seja, algo que está baseado na nossa interpretação individual e que pode não ser válido para todos; mas Ele também se preocupa com o nosso bem-estar. E esse bem-estar começa em nosso interior. Então, não esteja vivendo dia após dia com medo de tudo, ocupado demais ou até desinteressado demais para começar a prestar atenção em sua alma. Por experiencia própria te afirmo que você ficará muito feliz se agir assim.
Responda para si mesmo agora:
- Você fica confortável em falar com outras pessoas sobre seus sentimentos, mágoas, sonhos e desejos? Se não, por que você acha que é tão difícil?
Reflita sobre o que escrevemos até aqui e responda para você mesmo:
- Por que acha que as pessoas costumam esperar até que a sua alma esteja em crise antes que pensem sobre ela?
- Você costuma fazer isso?
Se sua resposta foi sim, meu conselho para voce é o seguinte:
- Reserve um tempo para pensar sobre o estado do seu "Eu" interior.
- Traga a tona quais são os três medos específicos, ou sentimentos, suposições ou inseguranças que poderiam estar afetando você?
Então, faça uma auto análise de sua vida e identifique estas áreas que estejam em relevância em suas atitudes diárias e as enfrente, se liberte! Resista, não desista e viva o melhor tempo de sua vida todos os dias!
Viva agora o melhor tempo ara sua alma!