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23 Jul
23Jul

Por Cicero Daniel da Silva


Acredito que quase todos já ouvimos, em alguma época em nossas vidas, a estória de chapeuzinho vermelho e o lobo mau... 

"Era uma vez... uma linda menina que desde pequenina gostava de usar capas com um chapeuzinho bem vermelho. Um dia sua vovó decidiu presenteá-la com uma bela capa vermelha com capuz  e, daquele dia em diante, a menina não quis mais saber de vestir outra roupa, passando a ser chamada de Chapeuzinho Vermelho.  


Ela era uma boa menina, alegre e esperta que vivia com sua mãe numa pequena vila perto da floresta. Um dia, a pedido de sua mãe, a menina vai levar os docinhos a sua vovozinha que está doente e mora sozinha no final de um caminho na floresta.
A mãe recomendou para que tomasse muito cuidado. Não conversasse com estranhos e fosse direto para a casa de sua avó, sem desviar do caminho, pois há muitos perigos na floresta.Ainda muito inocente e cheia de imaginação, a menina não segue as recomendações da mãe e, ao atravessar a floresta,  fica encantada e atraída pela beleza do mundo à sua volta.

 Colhendo algumas flores e correndo atrás das borboletas, acaba distraindo-se e toma o caminho mais curto e também o mais perigoso aonde é vista por um lobo, conhecido como  Lobo Mau. 

Era tudo o que o Lobo Mau precisava! Ardiloso, malicioso e consciente da inocência da menina indefesa,  colocou-se no caminho de Chapeuzinho e provocou um diálogo amigável que a deixou confiante a ponto de ensinar-lhe o caminho mais rápido até a vovozinha.

O gentil Lobo Mau sugeriu que a menina, por segurança, voltasse e tomasse o caminho mais longo. Assim, Chapeuzinho seguiu o conselho do lobo e, este, na ânsia de devorar a menina, seguiu o caminho mais curto e chegou na casa da vovó antes de Chapeuzinho. Fingindo ser a netinha, o lobo,  conseguiu enganar a pobre velhinha, engolindo-a logo em seguida.

Ao chegar a seu destino, Chapeuzinho encontrou alguém que julgou ser sua vovó, um pouco estranha, mas como estava deitada na cama acamada, julgou estar daquele jeito devido a doença, sentido por sua pseu-avó pura compaixão e foi convidada por "ela", a deitar-se a seu lado,  iniciando-se assim o famoso diálogo de Chapeuzinho Vermelho para com a vovó:

• Porque esses olhos tão grandes? E ela responde:
— Ó minha querida, são para te enxergar melhor. 

• Porque essas orelhas tão grandes?
— São para te ouvir melhor. 

• E porque essa boca tão grande?
— É para te comer!!!  

Entretanto, para sorte de Chapeuzinho e de sua vovozinha, passava por ali um  caçador, que ouvindo os gritos da criança, correu para a cabana, surpreendendo o lobo no ato, no momento que engoliu a menina. Então, prendeu o lobo,  abriu sua barriga e resgatou com vida a menina e a avó. E Chapeuzinho Vermelho prometeu a si mesma nunca mais esquecer os conselhos de sua mamãe.

Como castigo, o caçador colocou pedras dentro da barriga do lobo e ao tentar correr, não conseguindo devido ao peso e caiu no morto no chão.

 

 Quem de nós não ouvimos falar de alguém muitas vezes até próximos à nós, que perdeu a fome, o sono, não conversa, não brinca mais como antes, vivendo amedrontada e um toque ou carinho é rapidamente rejeitado por ela. Isolados, esses comportamentos podem não dizer muito, mas se você perceber uma mudança brusca de atitudes em alguém que conhecemos , sem nada que justifique, atenção, pois esta pessoa pode estar sendo vítima de abuso sexual.

 
Normalmente, quando ouvimos casos deste tipo na mídia, logo pensamos em pedofilia, mas temos que entender algo antes de continuarmos:

* O pedófilo, nem sempre concretiza o ato, mas fica mais vendo imagens, imaginando no que gostaria de fazer com a criança e foca seus instintos somente em menores.

* Já o abusador sexual, criminoso, não fica só no pensamento, mas parte para realizar seus desejos, concretizando o ato, não se importando se é uma criança, um adolescente, jovem ou adulto, homem ou mulher. Em outras palavras, é um estuprador!

Nosso primeiro sentimento natural é a aversão, compaixão para com a vítima e o repúdio ao agressor. Mas, e quando esse crime acontece em casa, no ambiente familiar, praticado por aqueles que deveriam ser responsáveis pela criança? 

''Quando o crime acontece fora da família, ficamos logo chocados, mas nos chocamos muito mais quando se descobre que foi o pai, um tio ou o avô. A criança não sabe em quem confiar e o segredo que o agressor lhe exige se torna um fardo maior que sua mente infantil possa processar''.

O ideal para estas situações e criar maneiras que permitam a vítima do abuso à confiar em alguém e que venha a relatar o acontecido, o qual deverá ser relatado á autoridades para que se tome as providências legais cabíveis.

Por ter tido, neste anos de minha vida, contato direto com este tipo de ocorrência, gostaria de observar aqui alguns fatores:

1 – Comumente a pessoa que abusa sexualmente das crianças é alguém familiar ou próximo delas, como: pai, padrasto, tia, irmãos, primos, madrasta, mãe, pastores de igrejas, padres, professores, etc;

2 – Existe sempre algum tipo de “chantagem emocional” vinculada ao abuso sexual da criança com uma suposta punição grave se a criança relatar o ocorrido;

3 – Sendo assim, a criança é obrigada a se calar e consentir com a repetição do ato sob pena de punições severas do agressor com ela ou com alguém que a criança ama ou preza;

4 – Grande parte dos agressores estão dentro de casa ou dentro do círculo familiar e com bom relacionamento na família, na igreja ou na sociedade e não estão na rua como prega a imprensa sensacionalista;

5 – Quase nunca o abuso se dá uma única vez, mas repetidas vezes com o mesmo agressor e a mesma criança;

6 – O fato do agressor sexual normalmente se esconder por trás de uma reputação social com moral ilibada para com os outros, o faz conseguir repetir os atos sem punição. Quando o assunto dos abusos sexuais infantis vem à tona, eles condenam os pedófilos apenas e se sentem escondidos e seguros. São psicopatas? Não sentem culpa? Ou acreditam que nunca haverá um flagrante ou que a justiça é lenta demais e retrógrada?

7 – A deficiência do sistema judiciário e policial também pode se dar por conta da falta de flagrante e de vestígios físicos nestes casos de abuso sexual infantil. A pessoa faz sem violência, por vezes, com pretexto de ser carinhoso com as vítimas e, portanto, se tem dificuldades processuais e criminais em se provar o ocorrido. Sem contar com a incompetência da justiça criminal brasileira;

8 – Mesmo em casos de flagrante delito, dependendo de quem é o agressor, a pessoa que deveria proteger a criança, como a mãe, pai, etc, dependendo do ganho secundário que se tem, em um primeiro momento denuncia, mas depois volta atrás em seu depoimento e no processo penal;

9 – Por vezes, as carícias e o abuso são feitos de forma tão “carinhosa” que a própria criança, dependendo de sua tenra idade, não se dá conta do que está acontecendo;

10 – Os traumas psíquicos infantis podem ser irreversíveis no desenvolvimento da criança. Quando cominado com questões religiosas ou de incesto, o abuso sexual infantil pode trazer danos psíquicos e psiquiátricos por toda a vida adulta deste ser.

 Este tema tão denso, polêmico e hipocritamente encoberto, pretendo continuar a escrever e refletir  posteriormente em outros posts, porém, neste momento, quero alertar que o “lobo mau” muitas vezes pode estar à morar dentro de casa, e não lá fora como a imprensa propaga. Dessa forma, devemos ter mais cuidado e prestar atenção com o que ocorre com as nossas crianças que estão embaixo de nossos narizes.

Como pais e responsáveis, é nosso dever nos manter alertas à todo tipo de situação, ainda mais com o crescimento diabólico dos movimentos de gênero, que mais servirão para estes agressores se apegarem, dizendo que a criança consentiu no ato e que eles são apenas vítimas, invertendo os papéis criminais.

Para aqueles que já foram ou estão sendo vítimas deste tipo de ocorrência, segue alguns pontos à refletir, aproveitando desta tão simples estória da chapeuzinho e do lobo mau:

 1 - Como está o seu relacionamento cm seus pais ou responsáveis , bem como seus  - parentes e pessoas próximas? Há um ambiente de segurança e estabilidade? Há confiança entre vocês para confiarem um no outro?

2 - Você tem seguido as orientações de seus pais ou tem agido mais pela sua própria inexperiência de vida, por achar que já tem idade suficiente para definir tudo em sua vida?

3 - Tem ouvido mais o conselho de seus pais e tutores ou seguido as dicas da redes sociais, dos amigos digitais, daqueles que sempre estão por perto para palpitar, mas na hora de enfrentar o problema de frente e juntos, se eximem e mais atrapalham que ajudam?

 

 

 

 

4 - As companhias que tem andado com você são confiáveis?São conhecidas de seus pais? Ou no caso dos pais, vocês tem procurado conhecer com quem seus filhos tem andado e por onde? O que ele tem feito quando você não está por perto?

5 - Você tem encontrado em seus pais  mais um amigo ou maias uma paternidade? Pais, vocês tem sido mais pais ou mais amigos?

Muitos casos hoje em dia de lares desestruturados são devido filhos e pais esquecerem quais são os seus papéis perante deus e se preocuparem em seguir pelo que a sociedade atual orienta e devido à isto, perdeu-se as referências, as bases, dando mais espaço para que situações de abusos aumentem em todas as classes sociais.

Veja neste quadro algumas estatísticas recentes de como anda esta questão nos Estados Unidos e no Brasil de forma simples para que possa pelo menos ter noção do que está ocorrendo à sua volta e desperte para evitar, ou mesmo corrigir o que já está para acontecer, ou se já vem acontecendo, possa estar dando um basta.

 

Não fique calado ou calada, procure um responsável, uma autoridade, e não se acanhe ou tenha pena do agressor, seja ele quem for. 

Você pode não ter outra chance na próxima vez e se tornar não somente vítima de perversão sexual, mas mortal, sendo morta ou morta pelo indivíduo ou mesmo, entrando em uma depressão e vitimização tão profunda, que não veja outra saída à não ser acabar com a dor, tirando a própria vida.

 

Em casos de denúncia ligue:  

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